sábado, 21 de janeiro de 2012

Retumbante BBB12

Uma no cravo e outra na ferradura. A Globo leva ao ar, simultaneamente, a série Brado Retumbante e o BBB12. A série é ficcão; o BBB12 é um dito reality show, que se sustenta num laboratório psicológico com personagens em dramas de carne e osso, motivados por um roteiro que exacerba alguns valores (negativos) em torno da competição, da exaltação individual e da conquista a todo custo do prêmio final. É o modelo do herói ou heroína construído pelo empenho pessoal, estrategicamente individual. Na ficção, a tentativa de construir a imagem de um político honesto, apaixonado pelas mulheres, envolto das trapaças e da corrupção típicas no cenário das disputas eleitorais e das ações de governo. Duas peças que, de um modo ou outro, revelam um pouco da indigência sócio-política brasileira. No BBB12, o estereótipo da alienação é expresso no modelo do jovem que beira à tragédia de um intelecto movido apenas pelos juízos sobre o comportamento alheio, cosmético e linear. Na ficção política, a marca do preconceito de que todo político é corrupto, com as exceções de praxe. Nesse campo, o raciocínio do político é orientado pelo ganho imediato, pela corrupção dos atos e pelo mentira discursiva. Portanto, realidade e ficção. Ah, se não fossem os estereótipos, o que seria da ficção e do reality show globais! Em Brado Retumbante, o presidente é apontado como avatar de Aécio Neves, mulherengo e pretensamente honesto, num universo amalucado de corruptos. Aécio é solteiro, o presidente, na ficção, é casado. No BBB12, o namorado que pede fidelidade fora da casa deve ter assistido as cenas cujo protagonista é o edredom. Enfim, duas obras quem buscam expor o que se encontra no imaginário do brasileiro. E no dia-a-dia de uma sociedade ainda entorpecida e perplexa diante de um mundo abjeto, egoísta, ganancioso e muito real.

domingo, 8 de janeiro de 2012

Mídia, jornais e o judiciário

Está na hora de os jornais de Campinas pautarem a crise do Judiciário. O juiz José Henrique Rodrigues Torres, titular da Vara do Juri de Campinas, é presidente, desde 2011, da Associação dos Juízes para a Democracia, entidade que se posicionou a favor das iniciativas do Conselho Nacional de Justiça (CNJ) em investigar irregularidades nos ganhos de desembargadores do Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo. Desde que o jornal O Estado de São Paulo iniciou a cobertura das ações do CNJ, no ano passado, as redações em Campinas pouca atenção deram ao assunto que é fundamental para a consolidação do papel do Poder Judiciário num regime democrático de fato.
Mesmo a rotina do Judiciário de Campinas é minimamente abordada pelos jornais. A falta de estrutura para o trabalho dos juízes e o excesso de processos, já revelados pelos magistrados em várias ocasiões, são temas raramente pautados.