domingo, 22 de maio de 2016

A mula manca

O discurso dos financistas e economicistas (coloco nessa ordem) do governo (?) Temer é de uma razão anti-social. A aritmética do mais ou menos, da soma e da subtração, não passa de uma expressão reducionista sobre o buraco que é mais em baixo. Economia é uma ciência humana. Assim é categorizada pelo universo pensante. Portanto, é imprecisa. O raciocínio aritmético é apenas um meio e não um fim em si mesmo na disciplina Economia. Se for diferente, estabelecemos a razão arbitrária sobre a complexidade humana. Einstein dizia que era mais fácil quebrar o átomo (razão científica) do que o preconceito (problema moral). 

A equipe econômica do Temer está mais para a razão abstrata do que o mundo real da fome e dos escorchantes tributos. Seus integrantes são a elite do pensamento (?) econômico que desconhece o que é ficar na fila de um pronto socorro para ser (des) atendido pelo SUS (que dispõe de áreas exemplares, mas poucas). Buscar um equilíbrio entre a razão abstrata e a demanda social, sofrida, é uma equação para poucos. 

No Brasil, os modelos econômicos liberais (ou neo-liberais) são mais evidentes e difundidos do que os modelos sociais, desenvolvimentistas, alvos da exasperação capitalista, concentradora de renda e riqueza. O governo Temer não dialoga com a classe média e média baixa, predominante no universo social e político. Dialoga com a casta empresarial, financista. É ela quem vai definir os novos rumos do governo, pois sua sobreviência depende de um Estado permissivo, como foi conduzido por Lula nos dois mandatos. Apesar de ganhos desenvolvimentista nos últimos anos, com os programas sociais e alguma coisa mais, a soma é insuficiente para projetar uma sociedade mais igualitária e justa. 

A estrutura social é desigual, injusta e discriminatória. Romper com esse cenário é desafio para poucos que se importam com o sentimento humanitário.O pouco feito do governo petista é obscurecido pela pragmática coalizão fisiológica que configurou um governo refém da crise. Vale dizer: o PT é eficiente e necessário como oposição. Como governo, bateu no cravo e na ferradura. O resultado foi uma mula manca.

terça-feira, 3 de maio de 2016

Liberdade de Imprensa

Hoje, 3 de maio, conforme calendário da Unesco, comemora-se o Dia Mundial da Liberdade de Imprensa. A Assembleia Geral da Unesco declarou esta data para comemorar e difundir os direitos à informação, a liberdade de imprensa para publicar e assegurar o livre fluxo de informação como elementos fundamentais para as sociedades democráticas.
O conceito liberdade de imprensa nasceu na obra do escritor e poeta John Milton, Areopagítica, e projetava a ascensão de uma nova classe social, a burguesia, apoiada no indivíduo e na liberdade econômica em oposição aos regimes monárquicos absolutistas e no anacrônico mercantilismo.
No século XVII, Milton convivia, em Londres, com editores tipógrafos que imprimiam obras num sistema artesanal. A obra sempre era autoral, pois o conceito de empresa e de indústria ainda era rudimentar, praticamente desconhecido.
The mind is its own place and in itself, can mak a heaven of hell, a hell of heaven (John Milton).
Desde então, a liberdade de imprensa foi adotada como valor para justificar e legitimar a impressão de livros e periódicos destinados à disseminar ideias políticas, reformadoras e revolucionárias, sem qualquer tipo de censura.
Com o advento da industrialização, as empresas jornalísticas se apropriaram do termo para legitimar as práticas mercadológicas, num ambiente de liberdade econômica.
E,no século XX, as organizações midiáticas são incorporadas a monopólios industriais e financeiros e se tornam braços ideológicos e jornalísticos de seus interesses. Exemplo gritante é o do australiano Rupert Murdoch, que adquiriu diversos jornais ingleses, entre eles o News of the World, protagonista de uma dos maiores escândalos e crimes de imprensa na Inglaterra.
Na outra face do espectro, a organização Repórteres Sem Fronteira registra, em 2015, a morte de 63 jornalistas no exercício da profissão, mais 40 profissionais assassinados, além de 19 jornalistas-cidadãos mortos em situações que envolviam a liberdade de imprensa.
Hoje, a liberdade de imprensa ampara a ação de empresas midiáticas que transitam além da atividade jornalística e recorrem ao fundamento ético e legal para justificar abusos e processos monopolísticos que constribuem para a concentração de riqueza e de ameaçador poder para-estatal.