sexta-feira, 12 de agosto de 2016

Para o que serve a Constituição?

Para o que serve a Constituição? 

O governo em exercício, hoje, anuncia mudanças estruturais no Estado. E o faz com a anuência passiva de uma mídia submetida à pressão e aos interesses privados de desespero pelo retorno do crescimento econômico em seu favor.

Temer, um pato manco, tenta sobreviver ao furacão que o envolve com uma batida no cravo e outra na ferradura, como diria o sábio caipira.

O martelo do cravo é o Henrique Meirelles, que anuncia medidas macro-econômicas milagrosas, mas submetidas ao sacrifício de quem sempre foi sacrificado, o trabalho e o desempregado. A ferradura, pela característica do conforto da pata, fica com os parlamentares no Congresso Nacional. Ali, a sinecura e a vantagem pessoal são as razões da sobrevivência parlamentar e eleitoral. 

Temer conhece o espírito desse universo. É o toma lá, dá cá. É o dando que se recebe, como já disse um filósofo das patranhas parlamentares. 

Aliás, na primeira vez que Temer disputou a presidência da Câmara dos deputados ofereceu o mundo e os fundos aos colegas. Ampliou significativamente as benesses, vantagens aos gabinetes. em 1997, quando disputou pela primeira vez a Presidência da Câmara, ofereceu uma série de vantagens aos eleitores, os deputados. triplicou as verbas de gabinete e as despesas com assessores. Ou seja, fez cortesia com o nosso dinheiro, o dos tributos.

Permissivo, ampliou a aceitação das demandas parlamentares nos mandatos seguintes. Incensado como Constitucionalista, não se intimidou em bater de um lado e do outro, numa estratégia atenta a Deus e ao Diabo.

Hoje, atende às demandas parlamentares de modo submisso, mas mantém Henrique Meirelles com o cajado das maldades com a proposta do controle fiscal e das despesas. De um lado, oferece, de outro, rejeita.

Henrique Meirelles convive com a esquizofrenia política. Temer é o centro da doença. Oferece os benefícios aos servidores e parlamentares e os sacrifícios aos trabalhadores e à classe média brasileira. Essa, aliás, divide-se entre os inconformados com os governos petistas e o governo em exercício, sem perceber o quanto a malandragem a agride. Pois, aceitar Cunha e Temer, sob a justificativa de que baniram o governo petista, é escolher entre o pior do pior.

Assim, caminha para reestruturar o Estado, sem considerar a consulta ao povo. 
Aliás, esse é um dos desafios mais graves no cenário atual. A Constituição Federal afirma, sim, afirma, E está lá, no artigo 1º: 

Parágrafo Único: Todo o poder emana do povo, que o exerce por meio de representantes ou diretamente, nos termos desta Constituição.

Ora, qual é a prática dos governantes em consultar o povo, a fonte constitucional das leis no País?
Desde Fernando Henrique, passando por Lula e Dilma, nenhum deles consultou a população para avançar em reformas ou retrocessos governamentais. Somente uma iniciativa, o plebiscito sobre o porte de arma,iniciativa da Câmara dos Deputados, revelou a incompetência redacional dos autores numa decisão a qual revelou como o brasileiro desconfia do governo.

Agora, a crise política é tomada a fórceps pelo PMDB et caterva para tentar superar uma travessia desenhada por uma presidente, Dilma, que desprezou os corruptos políticos, muito diferente do seu criador, Lula, que sabia conversar com eles.