segunda-feira, 14 de novembro de 2016

Nellie, da canção ao mundo real

A dúvida de Júlio Verne sobre o plano de Nellie Bly se desfez após os 72 dias nos quais ela viajou o mundo, sozinha. E em menos daqueles 80 previstos pelo ficcionista. Ela usou a imaginação para conhecer pessoalmente a experiência de uma viagem ao redor do planeta, numa volta que foi esquecida com o tempo. Verne se imortalizou como ficcionista. Bly, nem tanto, mas deixou um conjunto de obras jornalísticas que a fizeram uma das pioneiras na profissão. 

Em 14 de novembro de 1889, Nellie iniciou a viagem que seria a grande pauta transformada em uma série de reportagens e num livro que se encontra entre as obras mais destacadas do jornalismo no final do século XIX: Volta ao mundo em 72 dias. Júlio Verne havia publicado pela primeira vez a obra de título quase homônimo em 1873, 16 anos antes. O escritor francês, quando soube do plano de Nellie, em correr o mundo como jornalista apostou que ela não conseguiria.  


Elizabeth Jane Crochane Seaman adotou o pseudônimo de Nellie Bly, sugerido pelo editor do  Pittsburgh Dispatch, inspirado numa canção popular composta por um dos conhecidos à época, Stephen Foster, criador de um dos clássicos norte-americano, Oh! Susanna.


Depois de iniciar a carreira como jornalista no periódico de Pittsburgh,  Nellie foi contratada pelo inovador The New York World, do incansável Joseph Pulitzer. Foi então que ela encontrou o ambiente adequado para construir uma carreira centrada no jornalismo investigativo. E foi a primeira mulher a atuar como repórter em pautas até então impensáveis ou cumpridas somente por homens. 


No World, de Pulitzer, Nellie produziu a primeira grande reportagem investigativa, cujo método de trabalho era simples: viver a experiência como interna num sanatório para mulheres, no East River, New York. A reportagem assinalava a técnica e as estratégias de Nellie, que se disfarçava e imergia em mundos pouco conhecidos pelos leitores novaiorquinos. E assim denunciava o subterrâneo da sociedade.




Nellie Bly (1890)




A coragem de Nellie a fez modelo para o jornalismo predominantemente machista, patriarcal. Ela investiu em pautas políticas, dominada pelos homens, como quando viajou para o México, adotou os costumes locais e se fez mexicana para produzir as reportagens. A repercussão das publicações assustou o governo mexicano, que a expulsou do país.


Nellie chegou a falsear um roubo para ser presa e, então, denunciar as condições das prisões. Foi batizada pelos colegas como a "mãe dos jornalistas". Morreu aos 57 anos de idade, de pneumonia.


Para conhecer sobre a obra dessa repórter, acesse:


http://www.nellieblyonline.com/