sexta-feira, 16 de março de 2012

Subterrâneos mercadológicos

A cobertura que o jornal Metro-Campinas, desde sexta-feira, 09, tem feito sobre os subterrâneos mercadológicos da Câmara Municipal, graças à apuração eficiente da jornalista Rose Guglielminetti, indica a ponta do iceberg de uma área pouco conhecida na Casa. Na semana passada, o repórter Luiz Crescenzo, da TVB, também abordou o fato e deu continuidade esta semana. O Correião entrou na pauta, sem citar que ela se originou da reportagem que a Rose fez sobre o painel que não foi comprado, enquanto as outras redações parecem tímidas diante do tamanho do desafio. A primeira reação detectada pelo jornalista Ricardo Alécio, responsável pela coluna Xeque-Mate (15/03), no Correião, foi a de que a "alta cúpula da vereança" estaria muito mais preocupada em descobrir que seria o servidor da Casa responsável por vazar essas informações. Hoje, o Metro publica na página 02 uma tabela com os nomes das quatro empresas e supostos proprietários contratados pela Câmara para diversos serviços. São nomes de pessoas ainda identificadas parcialmente, cujos endereços das empresas são provavelmente fachadas. 

O presidente da Câmara, Thiago Ferrari, tem um estopim de dinamite em mãos, pois, aliado de Pedro Serafim Jr., tem a responsabilidade de instalar as comissões sindicantes e as averiguações administrativas para esclarecer e até responsabilizar ex-presidentes, como também Aurélio Cláudio, pelas contratações duvidosas. A repórter Milene Moreto mostrou que, entre as empresas, uma delas, a System, contratada para fornecer equipamento de votação eletrônica, é especializada no comércio de eletrodomésticos e tecidos. Geralmente, essas contratações de empresas de fachada escondem os verdadeiros interessados que, muitas vezes, são parlamentares ou mesmo altos servidores. Um experiente e bem informado servidor da Câmara Municipal me disse que tudo leva a crer que há vereadores ou algum parente atrás dessas empresas, pois elas são criadas muito rapidamente para atender as cartas-convites. É, este ano não vai ser fácil, não, para os políticos da cidade. Na primeira entrevista concedida à repórter Milene Moreto, Pedro Serafim Jr. tentou justificar a forma de contratação dos serviços e do painel eletrônico ao afirmar que não havia dinheiro. Ora, para uma Casa com cerca de R$ 80 milhões de orçamento, essa afirmação mereceria ser melhor apurada e esclarecida. Mas, segundo informações à época da posse de Serafim Jr. no cargo, o ex-presidente Aurélio Cláudio teria deixado um "rombo" nas contas e não havia informado corretamente o sucessor sobre a dívida da Casa. Enfim, problemas e dúvidas não faltam em Campinas.